A Gás Natural Açu (GNA), joint venture formada pela Prumo Logística, BP e Siemens, deu um passo importante no plano de instalar um parque térmico para a geração de energia elétrica no Porto do Açu, litoral nordeste do Rio de Janeiro.

Ontem, uma sociedade de propósito específico (SPE) controlada pela GNA, a UTE GNA I Geração de Energia S.A., assinou contrato de financiamento de R$ 1,76 bilhão com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para a implantação no Açu de uma térmica a gás natural com capacidade de 1,3 gigawatt (GW). Parte dos recursos será destinada à construção de um terminal de importação e de regaseificação de gás natural liquefeito (GNL) no próprio porto.

O crédito do BNDES para a GNA representa quase 40% do investimento total no projeto da UTE GNA I, de R$ 4,5 bilhões. A previsão é de que a unidade comece a operar comercialmente em janeiro de 2021. A GNA tem outro projeto, a GNA II, também no Açu, com capacidade de geração de 1,7 GW e previsão de entrada em operação em 2023. Juntas, as duas unidades vão garantir um parque gerador de 3 GW de energia firme. Bernardo Perseke, presidente da GNA, disse que o empreendimento é parte do “maior complexo termelétrico a gás natural da América Latina”. Ele afirmou que os sócios da companhia estruturam a forma de financiar o projeto da usina GNA II.

O diretor de infraestrutura e governo do BNDES, Marcos Ferrari, disse que a operação de financiamento com a GNA I envolve fatores inéditos para o banco. É a primeira vez que o BNDES financia térmica movida a GNL. Quando a usina estiver operacional, os navios gaseiros vão atracar no terminal de GNL do Açu e a carga líquida será regaseificada para alimentar a termelétrica da GNA. O terminal terá capacidade de movimentar 42 milhões de metros cúbicos de gás por dia.

Ferrari também destacou que a operação com a GNA conta com estrutura segundo a qual o BNDES entra com o crédito e o banco alemão KfW garante o risco da operação via fiança bancária em todo o ciclo de amortização do financiamento, que é de 14 anos. Ferrari disse que a modelagem feita com a GNA servirá de base para outras operações semelhantes no futuro, envolvendo parcerias com instituições em projetos de infraestrutura. Pelo acordo com o KfW, cabe ao banco alemão correr o risco da operação, o que envolve a eventualidade de inadimplência.

A reportagem tentou, mas não conseguiu contato com o KfW. Representantes do banco alemão estiveram, ontem, na sede do BNDES, no Rio, para a assinatura do contrato de financiamento com a GNA. Foi uma cerimônia privada com a presença do presidente do BNDES, Dyogo de Oliveira, e com executivos ligados aos acionistas da GNA: Prumo, BP e Siemens.

A superintendente da área de energia do BNDES, Carla Primavera, afirmou que o financiamento à UTE GNA I é uma operação importante para os dois bancos de desenvolvimento (BNDES e KfW). Carla afirmou que, além de acrescentar mais de 1,3 GW ao sistema elétrico, a térmica garante mais
segurança energética uma vez que está instalada no submercado da região Sudeste do país.

“Em um ambiente [de eventual] escassez de chuva, a térmica contribui para a segurança energética”, disse Carla. Ela afirmou que, do financiamento total do banco ao projeto, cerca de R$ 1,4 bilhão corresponde à construção da térmica e R$ 330 milhões à parte do banco na implantação do terminal de GNL. Há ainda R$ 53 milhões de financiamento para investimento em linha de transmissão.

Carla disse que a operação também representa uma inovação na relação do BNDES com o KfW. O banco de fomento brasileiro já fez captações com a instituição alemã no passado, mas é a primeira vez que o KfW oferece garantia para um financiamento do BNDES em projeto. A previsão é que o primeiro desembolso de recursos para a UTE GNA I ocorra no primeiro trimestre de 2019. Carla afirmou que o desembolso se dá de acordo com o andamento físico e financeiro do projeto. Segundo informações da GNA, na fase de construção das duas termelétricas serão gerados 4,5 mil empregos diretos e cerca de 10 mil indiretos. Os empreendimentos da GNA empregam hoje mais de 1,7 mil trabalhadores, sendo 70% de Campos dos Goytacazes e de São João da Barra, onde fica o Açu, porto que surgiu pelas mãos do

empresário Eike Batista e que é controlado pela americana EIG.

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