A Sete Brasil irá lançar até o fim desta semana edital público para a venda das quatro sondas que estão sendo construídas nos estaleiros Jurong e Brasfels e terão seus contratos de afretamento mantidos com a Petrobras. A publicação do edital integra a lista de exigências do plano de recuperação judicial do grupo e, segundo apurado, a entrega das propostas será marcada para a segunda quinzena de fevereiro, exatos 30 dias após a liberação do processo.

O edital irá determinar um preço base para a venda das quatro unidades, estipulado com base no PRJ aprovado no início de novembro e que permite o ressarcimento de parte das dívidas com os credores. A Sete Brasil não informa o valor, mas durante o processo de negociação direta foi estipulado preço de US$ 1,25 bilhão para o pacote das quatro sondas.

A análise das propostas será feita com base no melhor preço. Caso elas não atinjam o valor base, a operação poderá ser concretizada, desde que o preço seja aprovado pelos credores.

Com o lançamento do edital, qualquer empresa interessada poderá disputar o processo, desde que atenda às exigências de qualificação, que determinam, entre outras questões, experiência na operação em águas profundas. A venda das quatro sondas já vinha sendo negociada há alguns meses pela Sete Brasil, tendo avançado até a etapa de propostas não firmes.

Oficialmente, a Sete Brasil não revelou até o momento os nomes das sondas que serão colocadas à venda. A informação será divulgada no edital, mas é dado como certo que as unidades selecionadas sejam o NS Arpoador e NS Guarapari (Jurong) e a SS Urca e SS Frade (Brasfels).

O valor arrecadado com a alienação dos contratos de afretamento e de operação das unidades será utilizado para pagar a finalização das obras nos dois estaleiros. A diferença de valores será inteiramente direcionada ao pagamento de parte da dívida. A dívida total da Sete Brasil soma quase R$ 20 bilhões e as estimativas são de que 10% desse valor seja quitado.

O processo de venda das quatro sondas está sendo coordenado pelo Alvarez & Marsal Advogados, escritório que vem assessorando a Sete Brasil. Embora o prazo para entrega de propostas seja apertado, sobretudo para eventuais novos interessados, a princípio não há previsão de adiamento, já que o grupo corre contra o tempo para executar seu plano de recuperação.

Durante a fase de negociação direta, quatro empresas demonstraram interesse na operação e apresentaram propostas não firmes. As apostas sobre os possíveis interessados na ocasião recaem sob os nomes da Seadrill, Ocean Rig, Borr Drilling e Transocean. Fontes ligadas ao processo afirmam que algumas propostas teriam chegado perto do valor base, mas que todas as empresas apresentaram condicionantes.

A atratividade da operação de venda das quatro unidades da Sete Brasil divide opiniões no mercado. O risco de compliance do negócio é tido como alto e algumas empresas não descartam a possibilidade de os equipamentos poderem ser confiscados ao longo do negócio. Outro fator negativo é que a negociação em torno da finalização das obras ficará a cargo do futuro comprador da unidade. Por outro lado, as quatro sondas possuem contratos de longo prazo, com tempo de afretamento de dez anos e taxas diárias de US$ 299 mil/dia, valores altos para a atual média do setor.

RJ e dívidas

O plano de recuperação judicial da Sete Brasil foi aprovado depois de 14 adiamentos consecutivos da Assembleia Geral de Credores. A aprovação se deu por unanimidade, sem que nenhum credor votasse contra, ainda que cinco abstenções tenham sido registradas pelo Banco Bradesco/ Grand Cayman Branch, Banco Santander (Brasil)/ Grand Cayman Branch, Luce Venture Capital/ Drilling Series, Deutsche Bank Truste Company America e Stocche, Forbes, Padis, Filizzola.

A lista de credores do grupo envolve 22 empresas, o que inclui os 12 acionistas acionistas – BTG Pactual, Luce, EIG Global Energy Partners, Lakeshore, Previ, Petros, Funcef, Valia e FI-FGTS, Santander, Bradesco e Petrobras – cinco bancos credores e cinco estaleiros. Os problemas financeiros do grupo tiveram início há mais de três anos, junto com os primeiros escândalos da operação Lava Jato.

A Sete Brasil foi criada em 2010 para atender à demanda de sondas da Petrobras no pré-sal. Na ocasião, o grupo firmou contrato com a petroleira para o afretamento de um total de 28 sondas, das quais a maior parte sequer chegou a sair do papel.

Fonte: Brasil Energia

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